sábado, 20 de fevereiro de 2021

 

O tempo e as cinzas

O ontem e o hoje andam em enleio no agora enamorados, talvez, esmorecendo a possibilidade do amanha...

Nos umbrais do tempo semeiam grises de dúvidas aos ventos que irão germinar desconfianças e tempestades.

O tempo ontem aguarda o hoje que não espera o amanhã, um porvir que não se acalma com os votos e os ventos e as vontades de viver... 

O tempo que não descansa em meio às cinzas.

domingo, 23 de junho de 2019


Aos poucos ela foi surgindo lenta e vagarosamente, e a cada novo momento foi avolumando-se, como tempestade que cresce e se forma ao longe e súbito arrebatou o que havia ainda em meio as faces singelas, foi alastrando-se como erva daninha fazendo suas raízes ainda mais fundo, sem deixar rastros, sem deixar vestígios, sem deixar lágrimas ou marcas, apenas foi consumindo o que havia para ser consumido, e deixando para trás um vazio, e somente escassos pensamentos de lucidez, quase nenhuma simpatia ou lampejos de aleluia.
Ela é voraz e silenciosa. Como mosca faz ferida na carne e deixa larvas que eclodem aos poucos e a carne devora, pouco a pouco de dentro para fora, é como ferrugem ou cárie, que corrói lentamente. Como chama ardente consome e, em seu rastro de glória somente cinzas permanecem. Como pegadas feitas na areia que o vento ou a maré apagam, é como sonho triste que insiste em retornar...
Sua expiação carracunda aos poucos pesa as faces e consome sem pressa as vísceras. É como vinho que com o passar dos invernos adquire mais vigor...
Ela aos poucos foi chegando e tomando forma, foi construindo suas ruínas sob os olhos ainda despertos que aos poucos foram se ofuscando, se fez sob promessas de confiança [mentiras] construídas com fé e sem suspeitas, no ópium das veredas das verdades...
Ela aos poucos foi surgindo e destruindo tudo no que se acreditava
Ela aos poucos foi surgindo e destruindo tudo
Ela aos poucos foi surgindo e...
Ela
A culpa




domingo, 26 de maio de 2019


Seqüestrada e vaga e nua saudade perene que brota do silêncio
Arranca suspiros e devaneios, e faz brotar sulcos profundos e feios
Despeja, derrama e vaza sobre si a culpa que arde em seu seio[s]
Caminha só pelas sendas da maldade se abstrai se distrai aos enleios
Enquanto miserável o desejo lhe toma à piedade, arranca deste corpo doente
A dolente dor inexorável 
Abre suas mãos, ergue-as as altitudes e cospe ao lado da cama vazia que não contem mais o calor de outro mesquinho corpo
Deixa-se esquecer do afeto sincero e manifesto que lhe acariciou os horizontes das faces arrancando-lhe dos lábios seu sabor de fruta doce e macia e de curvas mais secretas às virilhas que ardiam não fel, mas gosto adocicado de pecado que orbitavam escondidas às cavernas de teu lascivo e escuro céu

domingo, 19 de maio de 2019


Abraça-me, faz brotar em mim o que não carrego mais
Faz criar o que se perdeu em meio às cinzas de uma tarde de outono
Faz curar as sendas-chagas por onde destilo e arde meu abandono
Abraça-me e restitui à carne adormecida, [envelhecida pelo rancor, enternecida pela saudade, comovida pelas tempestades] seus desejos...
Ouça, escute o silêncio que se faz e aos poucos cria forma
Abraça-me lhe peço, só por um instante, pois nele irei guardar o infinito e com ele reconfortar-me...
Abraça-me e faz brotar dos espinhos que foram arrancados com violência, [recolhidos do pensamento fenecido pela ignorância, nascido em meio às trilhas do delírio] uma pétala que seja...


segunda-feira, 13 de agosto de 2012



Choro em Silencio
                                 Act.II

Eu vi a morte me sorrir seu sorriso sereno terno, cheio de ilusão e mentiras...
Vi a escuridão chegar e com ela a tempestade...
O frio me tocar dilacerar meu coração.
O sol se pôr.
Faminto por luz agonizei no escuro...
Você não é a verdade acredite em mim!!
Você não é a luz, eu sei, posso sentir.
A lua e o Sol nunca irão se tocar perdidos no vazio.
Solitários e doentes, antigos amantes na dor e no perdão.
Faces opostas que fecham os olhos quando sorriem.
Espinhos que não ferem a flor
Suportarei calado todo o medo que existe em mim
A aflição de lhe perder...
Chorando só em silêncio...
Fitando seus olhos no espelho que se parte.
O seu deus vencido, caído nos braços da dor dorme...
Anjos em revoada choram por tanta angustia e dor
Tanto desprezo...
Os olhos perdidos no horizonte sombrio
A culpa que inflama o medo...
Dare me virtus ad pugnam
Contra hoc malum
Contra hoc miseria
Ubi anima moritur
Abyssum caecos
Ubi amor est mentiri
A duvida que incite a vingança
Dai-me forças pra lutar
Contra esse mal
Contra esta miséria
Onde a alma morre
No abismo cego da raiva
Onde o amor foi deitar

quinta-feira, 5 de julho de 2012


Silencioso Inverno


As vozes tão claras em minha mente...
A solidão enfraquece meus sentidos, o abismo abre-se aos meus pés.
...este é o lugar onde nem mesmo os anjos querem ir...
Eu conheci a dor, senti frio e senti medo.
Suportei calado as injustiças...
Abri meus braços e entoei cantos em seu funeral.
Ouvi as vozes que falavam de dor e desespero, que falavam de solidão...
O céu ficou pesado
A tempestade inicia
Estamos longe demais das graças
Imersos na escuridão
Afogado em lagrimas, afogado em pesadelos.
No silencioso inverno que invade minha alma
Sufocado por meus sonhos adormeço
Repleto de culpas e angustias
A melancolia no (em seu) olhar piedoso transborda sentimentos
O anjo ergue seus olhos aos céus e percebe o quanto o infinito é belo
O infinito é o abismo que lhe prende
Os séculos enferrujam em seus ossos...
E toda essa miséria (maldade) lhe destrói o coração
A tristeza
A solidão
E a dor, coniventes no claustro.
Coniventes no abandono
Envelhecer na solidão
Envelhecer como as folhas
...se as portas da percepção estivessem limpas, tudo se mostraria ao homem tal como é infinito...
Pois, o homem encerrou-se em si mesmo, aponto de ver tudo pelas estrelas, fendas de sua caverna...
...willian blake



domingo, 24 de junho de 2012


Elehanor...

As nuvens encobrem as estrelas por onde me guio nesta vasta solidão de azul turquesa, que por vezes se torna tão negra como meus sentimentos que tento esconder...
Sob mil máscaras na forma mais sutil de amar.
Tento suportar a solidão, companheira de tantos outros que dividem o espaço tão mínimo entre mastros e velas e cordas e desejos e dúvidas, conquistas e derrotas...
Há um ponto firme no horizonte q tento imaginar ser seu colo, ser seu ser, imagino poder ter sede para saciar em seus lábios, 




sábado, 24 de setembro de 2011


SÚTIL SACRÁRIO

Olhos rorejados de lágrimas com os quais observo placidamente teu corpo cair...
Na luxuria das dores que teu corpo sente
Na lama que banha teu corpo, na flor que derrama sua beleza impiedosa, manchando assim o inefável quadro de horror que surge diante de mim...
Olhos vazios que conheceram abismos, os mais escuros abismos do amor.
Os mesmos olhos que agora sopesam o cortejo velado que vislumbro da janela antiga, com os vitrais embaciados com o suor frio, do corpo febril que arde em agonia...
Teu corpo que dorme; dorme; dorme e, em sutil sacrário de lama e pedra...

O seu deus vencido, caído nos braços da dor dorme...
Anjos em revoada choram por tanta angustia e dor
Tanto desprezo,
Os olhos perdidos no horizonte sombrio
A culpa que inflama o medo...
A duvida que incita a vingança

Quando os sons e seus ecos se perdem no vazio
E sua voz se calar; a luz no escuro do abismo invadir minha alma, abrirei os olhos e na claridão irei cair...
A escuridão já sombria e lúgubre aumenta insuportavelmente a dor...

terça-feira, 20 de setembro de 2011


m...

As nuvens encobrem as estrelas por onde me guio nesta vasta solidão de azul turquesa, que por vezes se torna tão negra como meus sentimentos que tento esconder...
Sob mil máscaras na forma mais sutil de amar.
Tento suportar a solidão, companheira de tantos outros que dividem o espaço tão mínimo entre mastros e velas e cordas e desejos e dúvidas, conquistas e derrotas...
Há um ponto firme no horizonte q tento imaginar ser seu colo, ser seu ser, imagino poder ter sede para saciar em seus lábios, imagino ter sono para ser embalado em seus braços...
Há tantos outros recantos que quero descobrir, há tantos outros encantos em você...

Ódio

...com todos os ódios da alma excitados invoco a ti...
Rogo-te em súplicas e te peço que afague meus intentos, devore minhas dúvidas e consuma minha dor...
Com golpes fortes e convulsos onde derramo sobre o chão todo pus que  produzo, toda inveja, toda culpa, toda lástima e miséria, todo erro e preconceito...
Assim, só... Acordo trêmulo e assustado, nu em chão de espinhos que me ferem...
Com os punhos erguidos; a alma corrompida...
Gotejando sangue em seu chão, ungindo sua fronte e seu altar, abrindo fendas em suas feridas...
Sendas que guiam todo o meu ódio...
Rompendo os selos de ignorância que aprisionam meus olhos
Olhos cegos na claridão...
A tempestade cresce e se forma ao longe...
O crepúsculo se inicia
O ódio abençoa a dor, perdoa o sofrimento.
As lamúrias aumentam...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011


Ossuário da Culpa

Sob as espáduas da cólera e do amor
Estendido sob negro mármore descansa
Crivado em tão poderosa lança
Um homem que a loucura cativou
E que o amor de seu corpo se utilizou
Tal féretro fétido com as palmas unidas
Da mais alta potestade de sua ira implora misericórdia
Implora sem canto dor ou lira
Estátua negra de mármore és apenas pó nada mais que isso.
Descansa neste ossuário, este é teu perdão.
Cruzemos os braços e de joelhos curvados, caímos ao chão.
Nada mais há de se fazer...



L’enfer

Os séculos respiram os ares da nova era tudo é tão novo e tudo é tão antigo.
Os velhos e os novos conceitos;
Os velhos e os novos continentes;
Os amores e as guerras.
As coisas são tão piores do que um dia se pode imaginar
As sombras agora ganham vida...
Quando vi gotas de suas lágrimas se transformarem em um vendaval percebi o erro
Nec mortem effugere quisquam nec amorem potest
Quando os olhos só enxergam o que o coração quer ver a alma se entorpece em delírios e esperanças
O que fazer quando um deus perde sua fé?
Quando seu coração imortal se perde nas sendas do amor
Sentimental e insano
Quando removi a túnica que cobria teu corpo vislumbrei a maior de todas as belezas
Nunca lamente por não ter sentido o anjo amar, isso só te traria horror.

sábado, 16 de abril de 2011

No Crepúsculo de Suas Mentiras


Entre as palmas das mãos, e deitado em seu colo, ali adormecia e aos poucos escorria toda sua última e frágil esperança...
As faces enegrecidas de dor
Os olhos cegos à claridão do sol
As mãos frias e tétricas que me abraçavam
O desespero em sua retina, retendo suas finais imagens.
Eu tive medo
Adormeci e assustado me encontrei em meio à loucura
Famélicos desejos que se alimentavam da escuridão esquecida em naves que faleciam no crepúsculo de suas mentiras
O luto era inevitável
O corpo já insensível
Sem sentir as duras penas contemplando os segredos de sua existência
Serenas e gentis
Suas derradeiras derrotas hoje esquecidas
Sempre junto a mim meu inimigo mais ardil
Violentos os espíritos da revolta que incrustam espinhos em seu corpo já cansado
Ópio lascivo
Cóleras e pecado
E quando o eco de seus pulmões se calar então saberei
Suas vontades entregues as estrelas que choram debruçadas no vazio que se afasta pouco a pouco, um instante por vez...
Intolerável oceano de negro puro compelido a se afastar
Tais mãos lânguidas e frementes que se esfregavam em mim, hoje tão frias e pálidas.
Olhos puros
Olhos hoje tão negros e fatais debruçados em preguiça e treva
Dobram-se as liras fúnebres
O que me importa tudo isso???
Todas as culpas ainda existem em tua alma assim como os pecados e todo teu ódio
Amo-te mesmo assim
Desejo-te em devoção e silêncio mais que a fé que existe na solidão dos astros
No frio escuro do túmulo vazio, da vaga idéia que resta...  

sábado, 1 de janeiro de 2011

A Um Anjo Com Os Olhos Tristes

Minhas mãos estão amarradas, meus pulsos sangram e meus olhos doem, não enxergo nada mais além...
Não quero ir mais longe do que um dia já pensei em ir
Espero há muito tempo por você
As flores do inverno já se levantaram e as cores agora também vem nos brindar
Uma tempestade forte se aproxima
Deixe que venha
Deixe que chova
Que caiam sobre mim todas as culpas, anátemas.
Um anjo de conhecimento veio ate mim avisar-me  sobre o mal
Não acreditei em suas palavras
Não acredito em mingúem
O chão se abriu sob meus pés, vi o anjo de luz cair.
Em suas faces havia lágrimas
Em sua voz havia dor em seus pulsos um vermelho rubro a formar poças...
Eu cai e adormeci
Quando acordei achei que tudo era sonho
Infelizmente não era
Abraça-me, por favor,
Forte, bem forte...
Dê-me seu corpo quente, pois o inverno enfim chegou com seu por de sol cinza e triste e frio.
Quando andei por desertos vazios e escaldantes não esta só, o anjo estava lá
É forte a lembrança que tenho de você
A um anjo escrevi esta canção e ele não a entendeu
E se você conseguisse entender o que ela diz o que faria?
Desistiria das dúvidas?
Andaria só como andei?
Acreditaria mais em sua fé?
Nunca desisti, mesmo quando a dor era insuportável.
Agora me deixe dormir, por favor...
Com ou sem você preciso dormir
Minhas mãos estão amarradas e meus olhos doem
Há espinhos nas feridas ainda abertas que não se curam
Há ainda o mal em minhas entranhas
Existe um silencio tão alto que assusta e no céu o pássaro me vigia e abre suas asas e quer me devorar, um pouco por vez, pedaço a pedaço.
Tão negros são seus olhos, suas asas sua alma, seu ser.
Só, tão só vaguei o dia inteiro e só ele me acompanhava de longe, muito de longe, mas sempre soube que ele estava lá.
Sofrerei mais quando tudo isso acabar eu sei
Com ou sem você sei que sofrerei
Hoje à noite quando as costas estiverem nuas e o dorso estiver esguio é verdade eu sei enxugarei sua lagrimas e as minhas também e tudo enfim terá fim...
Na laje apodrecerá minha carne, mas minha alma o anjo levará com ele, aonde eu ainda não sei, mas sei que é isso que ele veio fazer...
Celina cali que despencou de joelhos sobre minha cova com os cotovelos em riste e as palmas das mãos as faces e pôs-se a chorar...
Não acreditava no que via...
Na flor que brotou no lodo
Na dor de um anjo que amou um homem
No frio que congelou o coração de um deus
Nas lagrimas de um demônio que chorou pela derrota de seu inimigo...
Preso aos seus segredos, seus sentimentos mais sombrios.
Inertes no abismo de sua alma triste
Você nunca sabe do que precisa achar encontrar
Mesmo que eu conseguisse ouvir sua voz, seus lábios puros não me dizem nada que eu queira escutar...
Seus olhos me falam mais
Seus lábios que me tocam
Suas mãos que afagam
Sua dor que me sustem
Palavras dúbias, gestos falsos.
Sorrisos ingênuo-maliciosos...
Inocência maculada pela estupidez da revolta, mentira proferida com amor, a dor sendo o alimento que compõem o corpo, o corpo que vaga cambaleante entre as noites frias, frias e sombrias, sombrias e confusas, alcoólicas noites sem norte, sem horizonte... 

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Um Último Beijo em Teus Lábios Frios

...yet one kiss on your pale clay and those lips once so warm, my beart! My beart!
O anjo quis que eu chorasse
Cai-se de joelhos e implorasse...
Tão lânguidos os olhos que fitavam a chuva pela janela
Tanta expiação que derramava sobre o chão gotas de desespero e de ilusão
Atormentado por pesadelos que banham meu corpo
...eu posso ver as faces em meus sonhos, mas não lembro os seus nomes...
As crianças ainda choram...
Quando li em seus livros e conhecei a beleza de sua língua e toda a sua poesia, desisti dos sonhos dos homens.
Desejei tocar teus lábios então
E velar-te com desejo e perdão
Mas nada mais me foi dito e nunca nada mais pude entender
O abismo é maior do que um dia pude acreditar que seria
É ainda mais escura e profundo que a alma do homem que chora
O anjo quis que eu chorasse...
Caí-se de joelhos e implorasse...
Ainda há nos calabouços escuros e úmidos um último livro que permanece intocado, há tantas sendas em seu caminho.
Há tantos desejos em teus seios e tantos lírios em tuas faces
Oh anjo lívido e nu, veste o sudário da dor.
Perdoa minha fraqueza e cerra-me a tampa do caixão, os ferrolhos ainda são novos e brilham á luz.
Tanta miséria, tanto pudor, tanto frio nesta noite de brumas que cobrem a lájea onde irei repousar.
Oh anjo onde estás?
Deixe-me dar um último beijo de amor em teus lábios frios
Tão pálida a porcelana de tuas faces
Teu corpo já não detém mais chama alguma, nem de amor, esperança ou mesmo de dor.
Não sinto mais em minha esfera teu signo arder
As Lágrimas de Dessidéria

A frieza de teus lábios sepultou minhas esperanças
Teus olhos negros repletos de muita dor
Alimentam minha angustia
Sinto tuas lágrimas tocarem meu corpo enfermo
Por toda esta insanidade
Meu anjo puro que vive nas sombras
Eu sou sua dor
Despoja-te dos véus que impedem a cura
Teus olhos velados que te tornam as faces lacrimosas
Anátema dos céus que caiu sobre tua alma
Povoando teus sonhos com desejos
Alma perdida no escuro da noite
Contemplo teu sorriso e a chama que arde em teus olhos
Mors omnia solvit ab imo, pectore.

domingo, 26 de setembro de 2010

A Dor que Enfraquece a Alma

Pálida a lua cai sobre o mar, calma; triste.
Envolta no manto de escuridão
Cai no abismo e perde-se na solidão
Ouça o lamento de minha voz, o choro das estrelas.
A tristeza em meus olhos
O brilho em meu coração
Faça parte de meus sonhos
Venha saciar-me, ajude-me, por favor!!!
Quando vi lágrimas em teus olhos desejei tocar teus lábios de dor
Sentir tua pureza imaculada
Deixe o frio tocar tuas faces
Alimentar tuas angustias
Pálida lua quero beijá-la, beijo de dor e de perdão.
Saciar tua vontade.
Caia sobre mim, se entregue a ilusão.
Lua de agruras, envolta a escuridão, caia sobre mim, caia no mar de infindas sepulturas.
Ouça o lamento de minha voz
O choro das estrelas
A dor que enfraquece a alma



quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Teus Olhos...

Em outros tempos teria medo ao olhar no espelho de tua alma
Tão preciosos e celestes que resplandecem todos os teus mais puros desejos; os mais infernais vícios e os mais infernais atos.
Noturna, vaga e estranha, reclusa e frágil carne que pálida se movimenta amontoada sobre ossos tão mal postos que perambulam e vagam e se contorcem em meus sonhos, quem és tu?
Bizarra criatura que me trás vertigens
Ópio do meu sono aguarda ansioso tua chegada tácita e pontual.
Ecoa em minha nave mais bela e mais gótica e sombria e repleta de guardiões do inferno mais profundo de minha alma doente
Teu sopro, teu já fraco e frio sopro que me vem aos ouvidos.
O que tens a dizer?
O que teus espelhos querem revelar?
Em outros tempos teria medo de olhar no espelho de tua alma
Hoje tão pouco só tenho vertigens que me fazem acreditar que isso tudo é real
Abstrata criatura eternal que perfume é este que exala?
Que dor é esta que sinto?
É como se mil sóis ardessem dentro de mim...
Quem és tu que povoa meus sonhos? Que me trás tristezas e alegrias
Que me consola e que faz parte de minha solidão
...atravesso no silêncio escuro a vida, preso a trágicos e fúteis deveres, e chego ao saber de altos saberes, tornando-me mais simples e mais puro...
O último sopro de vida do meu último dia vivido
Ninguém sente minha falta
Tão ouço sabem quem sou
... magoada, oculto e aterrador e secreto, ninguém viu ou ouviu o meu sentimento, o grito inquieto...
Seguirei teus passos
Viajarei em teus braços mesmo sem saber ainda quem és ó criatura que me traz vertigens.


O Silêncio da Noite              

Na frieza de tua alma sepultei meus desejos
No silencio de tua voz ouvi os teus lamentos
Piedade!!
A tristeza em teus olhos reflete tua angustia que implora por perdão
Sombras tocam teus lábios frios repletos de intensa dor
Devora-te aos poucos o teu lindo corpo nu
Teu silencio maldito dilacera minha fé
Na lama tua face se mostra e inunda meus olhos negros de lágrimas
Lagrimas azeda, lagrimas de medo...
Com dor e só irei ficar
Teu coração fenece nesta terra pura e fértil de sonhos, sonhos tristes de um corpo febril, angustiado e sem fé...
Minha tristeza é seu pesar
Minha angustia é sua dor
Deixe enfim a escuridão a possuir a escuridão
Pois, o silencio da noite é o pouco que nos resta.

terça-feira, 21 de setembro de 2010



Solitude Aeternus

 no vale das sombras


Sob as sendas da noite escura
Segue em devaneios perdido sobre esta terra fecunda
Corpo etereal de celeste plano
Tão somente só em tal desengano
Habita imperiosa carne que não deseja morrer
Solitário moribundo que tem fome
Plena a noite que a luz consome
Sente o frio no escuro do tempo
Congelado no abismo de seus pecados
Onde sob seus olhar nebuloso, se erguem diferentes formas...

cólera

 Caia sobre mim noite nefasta e sem luz, derrampois a terra úmida hei de voltar, e sobre mim sua maldita expiação, pois a morte  aqui vim buscar, basta de sofrimentos e langores, quero apenas dormir, esquecer as lamúrias e viver os últimos encantos, sentir nas  formosas faces um último riso de alegria, ainda que impuro seja o                   sentimento...
Aqui neste leito sinistro de pedras disformes me vem ao olhar todo o mal que nunca pude um dia imaginar...
Brindo a loucura que vem aos olhos em tão formosa escultura, pálida de mármore erigida nas naves mais sombrias deste inferno, berço eterno de lamúrias, ruínas infernais, cóleras que não me deixam mais sentir, os tenebrosos prantos, vis praga mortais que levaram meu sorriso, minha tão bela vida de encantos, mas hei me aqui, só e louco tateando no sinistro inferno, no seio de tantas mágoas, lagrimas e sombras...
Rudes ignoram a tanta insanidade e dor, pois de sofrimento basta-me o meu.

              réquiem



Não se desespere, pois de tua dor aqui todos padecem.
Aqui a noite ou ao dia todos se entristecem
Teu sofrer com muitos outros partilhas
Em tão vis, débeis e tortuosas trilhas.
Teu imenso suplicio aqui é vário
Em tão tenebroso calvário
Aqui para todos não há luz
E vergam-se ao peso de tremenda cruz
Não estas só em infando mundo
Mesmo aqui em abismo profundo
Há sim o grande perigo, mas há abrigo
Para teu tenebroso castigo
Ainda que tão nefasto seja teu mal
Há esperanças afinal
Pois, em lágrimas e dor, pendido descansa
Incrustado em mágica lança
Teu cruento amor, pois há esperança
Mesmo que um dia
Seja um século de agonia
E que os vermes tuas carnes roam
Ouvirás na terás os sinos que soam
Ao raiar de um novo dia
E que dobram em tão fúnebre melodia
Sinistra ciranda que recito
Tua mal aqui esta escrito
Oh pobre alma de amores
De lânguidos fulgores
Que esta na escuridão
Implorando desesperado perdão
Dolente drama que as brumas na noite afagam
E que tão pesadas cruzes que carrega esmagam
Ainda que derradeiro seja seu fim
Esperando um verdadeiro sim
Em tétrica e dorida expiação
Só ouves forte negação
A tuas queixas e dramas
O sangue que derramas
Aqui lamúrias são, e de nada valem ao mal de toda a criação...

          hum oceano profundo

Pálida lua de agruras ouça minhas súplicas e me diga o que posso fazer?

Inerte em fundas sepulturas
De um oceano negro de agruras
Esta meu forte amor
Que sofre com tanta dor

Quero recostar-me em seus braços e sonhar
Desejar seus beijos e lhe amar
Meu anjo puro infestado com tanto mal

Padece em tão sombrio vendaval

Agoniza em medonhos desertos
Caminhos tortuosos incertos
Onde torrentes fortes bravejam
Meu amor seus beijos desejam

Pois, quando a face da lua o mar tocar
E a névoa do espaço dissipar
Seguirei tua sombra dos céus
Desvelarei tuas faces dos véus
E, em hum oceano profundo irei te encontrar
E teus lábios de beijos velar...

             requietórium

Torres frias e imundas elevam-se aos céus
Revelando suas majestosas potestades
Abaixo, sombrias tumbas de malditos réus
Em cruentas; ditosas e infinitas insanidades
Desvelam tristezas e sofrimentos eternos
Selam a pureza em cruéis infernos